31/12/2014

SONETO DO SONO


A tarde é tão serena que parece
vir do hálito que  sobe do teu sono.
Vejo-te ir nas nuvens do abandono,
comovido de calma. A tarde desce

ao longe , sobre o mar.Mas lenta e leve,
como a exala o sonho desse sono.
E tudo, enfim, é o sopro do abandonado
e o seu sussurrar na mão que escreve.

Dormes como num voo. Como se fosse

quando o tempo era jovem. E então me sinto
pleno de mar e luz e céu - e sou
soberbo e claro por estar absorto
no abandono desse pó de estrelas 
que se juntou para inventar teu corpo.

Ruy Espinheira Filho
In Estação Infinita e Outros Poemas

  

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